“Mais do que educação, mais do que
experiência, mais do que treinamentos, o nível de resiliência de um indivíduo
determinará quem terá sucesso e quem se perderá pelo caminho. Isso é verdade
para pacientes com câncer, é verdade para atletas olímpicos, e é verdade para
executivos e empreendedores na sala de reunião”, afirma Dean Becker num artigo
de 2002 da Harvard Business Review. Resiliência,
portanto, é a habilidade de controlar sua resposta a situações física ou
mentalmente estressantes. A ciência mostra que quanto mais resiliente o
indivíduo é mais longe ele irá na sua vida pessoal e profissional. Faz sentido.
Sucesso é a o reflexo de inúmeras quedas e derrotas que foram encaradas como
oportunidades de aprendizado e crescimento.
Na minha experiência convivendo e
trabalhando com indivíduos extremamente talentosos – em Harvard, na Nestlé, na
McKinsey, na Fullbridge e pelo mundo – fica claro que os mais interessantes são
aqueles que passaram por adversidades as vezes pesadas e tiveram força para se
reerguer ainda maiores. Eles tem uma energia interna contagiante, empatia e
humanidade ao mesmo tempo que demonstram força e determinação certeira.
Exemplo? Liz Kwo, minha colega e co-coach no programa que recentemente
concluímos em Shanghai pela Fullbridge: nascida em Taipei de mãe solteira,
pobre, imigrou ilegalmente aos Estados Unidos com a mãe e a irmã quando ainda
bebê. Em San Francisco, onde chegaram de navio, moravam numa garagem enquanto a
mãe suava em empregos simples para trazer comida pra “casa”. Ela tinha tudo pra
dar errado na vida, mas hoje suas paredes ilustram diplomas da Stanford,
Harvard Medical School e Harvard Business School, simplesmente as melhores
instituições de educação do mundo. Como? Porque ela sabia que sua única chance
seria através da educação e mérito, o qual ela demonstrou sempre sendo a aluna
mais engajada, curiosa e determinada. Escutando ela falar fica claro que sua
jornada não foi fácil ou romântica, mas ela diz “toda vez que eu me sentia como
uma perdedora, alguém marcado para falir, viver na pobreza e ser uma vítima de
um mundo injusto e cruel eu fechava os olhos e lembrava que o esforço da minha
mãe tinha que valer a pena, e aí eu liberava a fera dentro de mim”. É
inspirador escutar isso dela, ainda mais porque suas palavras saem sem dor ou
rancor; ela conta sua história com orgulho, suavidade, humanidade ilustrada com
vulnerabilidade e determinação para continuar em
frente.
Claramente, o indivíduo resiliente
não é aquele que evita stress de toda e qualquer forma, mas sim aquele que
aprende como controlá-lo e transformá-lo em energia produtiva. A pessoa
resiliente provavelmente entortará, mas não quebrará, quando confrontada com
adversidade, traumas, tragédias e ameaças. Ela é, na maior parte do tempo,
ativa e não passiva em relação ao o que acontece a seu redor e em sua vida,
sempre acreditando ser autora do seu presente e futuro, e não uma vítima do seu
passado.
Bom, mas felizmente muitos de nós não
passaram por situações dramaticamente impactantes que balancem nossos valores e
nos façam questionar nossa missão no mundo, o que frequentemente se ouve de
gente extremamente resiliente (já ouviu a história de alguém que sobreviveu um
grave acidente ou doença?). Então, o que fazer se sua vida é confortável e
relativamente linear? Os cientistas Steven Southwick e Dennis Charney, da Yale
University School of Medicine, recomendam 4 estratégias comprovadas
cientificamente para dar um boost em sua resiliência:
Trabalhe com seu físico:
fisiologicamente, atividade física moderada promove a liberação de endorfina e
dos neurotransmissores dopamina e serotonina, os quais reduzem sintomas de
depressão e melhoram o humor. Um experimento com animais mostrou que correr
frequentemente diminui fobias diversas e aumenta a coragem para exploração de
novos ambientes. O recomendado é uma hora e 15 minutos por semana de atividade
aeróbica intensa como corrida e natação, ou duas horas e 30 minutos de
atividades moderadas como caminhada, por exemplo.
Aceite desafios e saia da zona de
conforto: dar uma passo além do que você normalmente faria, seja nas férias, no
final de semana, ou no trabalho, estica sua zona de conforto e potencialmente
aumenta sua segurança. Não há limites e cada um sabe o que isso significa para
si, mas pode ser vencer um medo, fazer uma apresentação num idioma novo,
explorar um outro país com poucos recursos e infraestrutura, ou começar a dizer
não ao invés de sempre se moldar para agradar os outros.
Medite, e desenvolva uma visão
positiva do mundo: meditar frequentemente pode lhe trazer clareza, foco e
facilitar a priorização de onde investir sua energia. Meditar lhe conecta com o
presente, evitando lamentações sobre o passado e preocupações excessivas com o
futuro. Isso comprovadamente reduz o stress e lhe permite maior controle sobre
sua vida e decisões, lhe tornando uma pessoa mais segura e determinada.
Amigos & relações humanas:
finalmente, a última tática para aumentar resiliência o estimula a passar mais
tempo com pessoas com as quais você demonstra aceitação, respeito e admiração
mútua. Só funciona, no entanto, se você estiver realmente conectado aquela
pessoa e poder contar com ela para conselhos, dicas ou apenas um ombro amigo.
Ajuda se sua network for recheada de indivíduos que são exemplos de resiliência
em pessoa, pois você terá role models a observar e seguir. Imitar
comportamentos e práticas que deixam os outros mais fortes também pode ser de
alto valor. Por exemplo, quando estiver desanimado e pronto pra desistir vale
lembrar que existe uma “fera” dentro de cada um de nós, como diria minha colega
Liz.
Finalmente, escrever sua história
ciente de que você é autor e protagonista, de que você decide gastar mais tempo
comemorando pequenas vitórias do que lamentando sobre como o mundo é injusto
com você, aumenta sua motivação, determinação, produtividade e, ultimamente,
felicidade. É por isso que as universidades e empresas mais concorridas do
mundo esperam escutar histórias de superação e resiliência em seus processos
seletivos. Dado tudo isso, eu pergunto a você, leitor, e também a mim mesmo:
qual o próximo capítulo?
Alex Anton é MBA pela Harvard
Business School e tem no seu currículo empresas como Nestlé e McKinsey &
Company. Já morou e trabalhou no Canadá, Alemanha, Suíça, Indonésia, Estados
Unidos e China. Além disso, é entusiasta da meditação, fotografia e corrida.
Suas ideias podem ser conferidas no blog http://www.transforme.is
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at: http://www.hbrbr.com.br/post-de-blog/resiliencia-o-que-porque-e-como#sthash.iDzEq45C.dpuf